Em agosto de 1498, surgiu em Portugal a Irmandade da Misericórdia, entidade com fins humanitários, instituída com o compromisso da Misericórdia de Lisboa, inspirada no exemplo de caridade de Frei Miguel de Contreiras e patrocinada pela Rainha Leonor de Lancastre, esposa de Dom João II. Esta Irmandade, constituída por 300 membros, metade nobres e metade plebeus, gerou uma visão mais sensível do mundo, originando um número cada vez maior de Casas de Misericórdia por todo o país.
A primeira Casa de Misericórdia do Brasil, denominada “Hospital de Santos”, foi fundada por Braz Cubas, em 1543, com o objetivo de exercer a caridade onde quer que houvesse dor física ou moral a aliviar. Mais tarde, foi eliminada também a discriminação entre nobres e plebeus para membros da Irmandade.
A partir de 1839, com a Lei nº 148, ficou livre a criação de hospitais de caridade em todas as cidades que deles carecessem, concedendo-lhes favores e auxílios. Era o início da história das misericórdias brasileiras, atuantes no processo de evolução da medicina e do senso filantrópico da população.
Atualmente, no Brasil, as Santas Casas somam mais de 2.500 hospitais, espalhados em todo o território nacional, responsáveis por cerca de 50% do número de leitos hospitalares existentes no país, na maioria dos casos, consolidando-se como Centros Regionais de Referência e Excelência Médica. O estado de Minas Gerais possui 258 instituições filantrópicas de saúde.
Santa Casa de Montes Claros 150 anos - Filantropia a serviço da vida
Em 21 de setembro de 1871, por meio da lei n° 1776 do Governo da Província de Minas, por iniciativa do Dr. Carlos Versiani e do Cônego Antônio Gonçalves Chaves, institui-se a Irmandade Nossa Senhora das Mercês da Santa Casa de Montes Claros, acolhida canonicamente pela Igreja Católica em 19 de janeiro de 1878, por ato do Dom João Antônio dos Santos, Bispo de Diamantina.
Irmã Beata - exemplo de fé, amor e caridade
Falar sobre a Irmã Beata é fator imprescindível para a Santa Casa de Montes Claros, cuja trajetória de dedicação e amor ao próximo se integra à própria história da Instituição. Considerada por muitos como o símbolo de caridade da Santa Casa, Irmã Beata nasceu em Etten, na Holanda, em 29 de janeiro de 1879. Batizada como Wilhelmina Lauwen, ao assumir a vida religiosa, adotou o nome de Irmã Maria Beatriz, conhecida como Irmã Beata.
A freira ingressou na Congregação do Sagrado Coração de Maria de Berllar (Bélgica), no dia 14 de maio de 1903, aos 24 anos. Perpetuou sua profissão em 14 de julho de 1909 e, dois anos depois, veio para o Brasil, instalando-se em Montes Claros, onde permaneceu até a sua morte.
Devido ao seu trabalho, morou nas dependências da Santa Casa, juntamente com outras cinco irmãs. Sempre com o coração aberto e humilde, Irmã Beata ia até as casas das famílias pobres, quando solicitada para realizar partos. Sorridente e amável, falava pouco, num Português enrolado e difícil, porém compreensível.
Era uma figura diferente, firme e marcante, e costumava ter uma palavra de ânimo para as pessoas, dando assistência e carinho a todos, especialmente aos mais pobres. Foi incansável, fazendo partos no hospital e também nas casas. Chegava, perguntava os nomes das crianças, abençoava cada uma e ia fazer o seu serviço.
A Irmã Beata morreu dia 08 de agosto de 1952, aos 73 anos, depois de uma cirurgia de vesícula, em Belo Horizonte, quando deixou consternada toda a população de Montes Claros e região.
Wilhelmina Lauwen - Irmã Beata (1879 – 1952)